sexta-feira, 6 de março de 2009

Cidades e profissões sustentáveis




Ênio Padilha

Engenheiro, escritor e palestrante. Formado pela UFSC, em 1986, especializou-se em Marketing Empresarial na UFPR, em 1996/97.

Na semana que vem estarei em três cidades do interior do país (Piracicaba-SP, Paranavaí-PR e Cascavel-PR), apresentando a palestra “Exercício Profissional e Profissões Sustentáveis”.
Esta palestra começou a ser desenvolvida em 2004 e nunca mais parou, para apresentação nos encontros preparatórios ao CNP - Congresso Nacional de Profissionais cujo tema central foi justamente “Exercício Profissional e Cidades Sustentáveis”. Uma excelente escolha, sem dúvida, visto que o ESTATUTO DAS CIDADES é uma grande conquista do país, que contou com a decisiva participação dos profissionais ligados ao sistema CONFEA/CREA.
Quando fui convidado para apresentar uma palestra sobre o tema fiquei pensando: “O que é uma Cidade Sustentável?” “O que é uma Profissão Sustentável?”. “Qual é a relação entre essas duas coisas e o Exercício Profissional de Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos?”
Fui buscar a resposta no dicionário: SUSTENTÁVEL - “aquilo que pode ser sustentado. Mantido vivo, alimentado”.
Uma Cidade Sustentável é, portanto, uma cidade em que as coisas são feitas de tal maneira que ela mantenha “viva” as coisas boas que tem. Que garanta a sua existência futura como um bom lugar para a vida digna de seres humanos.
Uma Profissão Sustentável é uma profissão cujas práticas levem à sobrevivência dos seus praticantes no mundo, mantendo (sustentando) os padrões de valorização, respeito e dignidade.
Daí podemos concluir que uma cidade boa não é, necessariamente, uma cidade sustentável. Da mesma forma que uma boa profissão não é, necessariamente, uma profissão sustentável. Tudo depende de como a cidade (ou a profissão) estiver sendo tratada.
Para a minha palestra escolhi justamente o tópico que trata do Exercício Efetivo da Profissão (e suas dimensões comerciais, sociais e ético/políticas) pois é o assunto com o qual estou mais familiarizado. E não tenho nenhuma dúvida de que essas questões estão intimamente ligadas à questão da sustentabilidade da nossa profissão. Afinal, pensar em sustentabilidade é, automaticamente, pensar no futuro. E pensar no futuro é agir no presente.
As perguntas que eu espero que cada profissional faça a si próprio, ao final da palestra (e também nos dias seguintes) são quatro:
- Como é que eu, no exercício da minha profissão (de engenheiro, de arquiteto ou de agrônomo) estou interferindo no futuro da minha cidade?
- Como é que eu, no exercício da Engenharia, da Arquitetura ou da Agronomia estou interferindo no futuro da minha profissão?
- Que tipo de cidade estou ajudando a construir para os filhos dos meus filhos?
- Que ambiente profissional estou deixando de herança para os engenheiros, arquitetos ou agrônomos que estarão se formando daqui a 20 anos?
São perguntas simples, mas que precisam ser respondidas com sinceridade e que demandam uma reflexão honesta. Não apenas quando avaliamos nossas ações, mas também (e principalmente) quando avaliamos nossas omissões.
No nosso dia-a-dia profissional nos confrontamos permanentemente com as questões comerciais, na busca pela nossa sobrevivência física. Clientes, concorrentes, contas a pagar e outros compromissos às vezes nos “empurram” para decisões que, muitas vezes, reduzem a zero a dimensão social do nosso trabalho. Pior, roubam-nos o tempo que precisa ser dedicado para os aspectos político/profissionais e as necessárias reflexões sobre a ética social e profissional.
Repetir (e tentar responder) todos os dias essas quatro perguntas pode ser uma forma de mantermos nossa consciência viva e nossa atuação produtiva.

Com isto construiremos Cidades e Profissões Sustentáveis.

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